Dificuldades no pagamento de taxas moderadoras
Há cada vez mais jovens da classe média a pedir ajuda nos serviços sociais da urgência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, apresentando dificuldades até para pagar taxas moderadoras.
“Temos jovens casais que já estão a sentir dificuldade em vir a uma urgência. Provavelmente estará a aumentar a dívida dessas prestações [taxas moderadoras]. As pessoas dizem que vêm, mas não sabem como vão pagar a vinda à urgência”, revelou à agência Lusa a assistente social Argentina Castilho.
Os pedidos de apoio domiciliário para a população dependente também estão a aumentar, pois cada vez mais as pessoas evitam faltar ao trabalho para cuidar dos seus familiares.
As assistentes sociais da urgência do maior hospital do país deparam-se com um crescente número de casos em que a alta clínica não coincide com a alta social (o doente fica internado sem motivos médicos, mas por falta de autonomia e de apoios).
“Há mais pedidos de resposta social. Há um grande número de população dependente, quer física quer cognitivamente e há muitas famílias a pedirem-nos apoio domiciliário”, acrescentou Argentina Castilho.
Há idosos que tinham uma vida autónoma e que após um episódio de urgência ficam acamados ou dependentes para as suas tarefas mais básicas.
Habitualmente, a família daria o apoio necessário, mas atualmente essa resposta é praticamente inexistente, sobretudo porque os familiares evitam ao máximo faltar ao trabalho, protelando a alta social enquanto não é conseguido o apoio domiciliário, disse à agência Lusa outra assistente social daquele serviço.
Este receio do absentismo ao trabalho também é sentido pelos médicos no serviço de urgência, que verificam uma maior afluência dos doentes menos urgentes no período pós laboral.
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